quarta-feira, 20 de maio de 2009

"Barriga de aluguel": atriz Sarah Jessica Parker e A Grande Família trazem o tema à tona

É completamente desaconselhada a busca de incubadoras humanas na internet, nas redes sociais e em sites gratuitos de classificados

 A atriz Sarah Jessica Parker, de 44 anos, famosa pelo seriado e filme homônimo, Sexy and the city, e o ator Matthew Broderick, de 47, anunciaram que estão esperando gêmeas de uma "barriga de aluguel". O casal, que já tem um filho de 6 anos, tomou a decisão depois de muitas tentativas frustradas de uma segunda gravidez. O anúncio do casal chama atenção para um tema que ainda gera muitas dúvidas na população: a gravidez de substituição, conhecida popularmente como "barriga de aluguel".

Na tv brasileira,  o seriado  A Grande Família também discute o tema há uma semana. Os personagens Bebel e Agostinho estão afundados em um mar de dívidas. E a solução mágica e dramatúrgica para o problema envolve uma proposta financeira para que a personagem seja "barriga de aluguel" de um casal de amigos.

Segundo o ginecologista Prof. Dr. Joji Ueno, diretor da Clínica GERA, o emprego do termo popular causa confusão, pois a doadora de útero não pode receber nenhuma remuneração por isso, "então, aluguel não seria o termo correto a ser empregado. O casal doador do material genético deve arcar apenas com as despesas médicas da grávida", explica o médico.

No Brasil, o aluguel de uma barriga só é permitido em "caráter solidário". Ou seja, entre mulheres com algum vínculo afetivo e sem acordos financeiros. Assim determinam as normas dos conselhos regionais de medicina, especialmente a Resolução CFM N° 1.358/92. A resolução prevê que a gravidez de substituição seja feita entre pessoas com parentesco de até segundo grau. "A justificativa para esta recomendação é exatamente coibir a comercialização. Caso não haja o vínculo familiar, é preciso pedir autorização para o Conselho de Medicina onde o casal reside. É completamente desaconselhada a busca de incubadoras humanas na internet, nas redes sociais e em sites gratuitos de classificados", informa Joji Ueno.

A legislação sobre barriga de aluguel varia de país para país. O procedimento só pode ser remunerado em alguns estados americanos, como a Califórnia e a Flórida, e na Índia. Desde 2002, quando a prática foi legalizada pelas autoridades do país, as mulheres indianas vêm sendo muito procuradas por casais de estrangeiros. O motivo é o baixo preço do aluguel de sua barriga – 7 000 dólares, em média. O negócio assumiu tal proporção que se fala, inclusive, em "turismo da medicina reprodutiva". Entre as americanas, o valor da barriga de aluguel gira em torno de 25 000 dólares.

Como não há leis brasileiras sobre o tema, "o que temos como elemento norteador é a resolução feita pelo Conselho Federal de Medicina, CFM, que se restringe à atividade médica, mas na lacuna de outras leis, é usada como orientação também para profissionais da justiça também", diz o médico.

Respaldo psicológico

A falta de leis federais revela a complexidade do tema... E não é apenas no aspecto jurídico que a gravidez de substituição necessita de regulamentação. Segundo a psicóloga da Clínica GERA, Luciana Leis, os envolvidos neste processo merecem além do respaldo jurídico, acompanhamento psicológico. "Tanto o casal que opta por esta alternativa, quanto a doadora do útero devem contar com apoio psicoterápico. A situação é muito complexa, é preciso garantir que todos estejam preparados para lidar com as implicações futuras desta decisão", diz Luciana.

A prática da barriga de aluguel envolve questões psicológicas delicadas, tanto para a gestante, quanto para a mãe e o pai biológicos. De um lado, está uma mulher que passa por todas as transformações físicas e psíquicas ocasionadas pela gravidez de uma criança que não é e nunca será sua. "Por mais que a mulher que vai carregar o bebê compreenda que se trata apenas de um ato de generosidade com o próximo, é impossível que ela não seja afetada emocionalmente pela gestação. Desta forma, é necessário um trabalho psicológico, para que ela possa se separar de forma saudável da criança quando nascida e entregá-la aos pais biológicos. Este processo é muito confuso para o psiquismo, uma vez que o registro mental existente é que toda mulher que dá a luz é mãe, sendo necessária uma redefinição interna do que vem a ser uma mãe", explica Luciana Leis.

Do outro lado, está um casal que tem de recorrer ao útero de outra mulher para realizar o sonho de ter um filho. "O sentimento de impotência costuma aparecer neste momento. Além disso, há a entrada de um terceiro elemento na relação do casal, podendo mobilizar muitas fantasias. Outros medos comuns se relacionam com uma possível separação dos pais biológicos, em meio à gestação, ou então, com uma possível malformação da criança. Todos estes temas merecem um acompanhamento psicológico apropriado", destaca Luciana Leis.

CONTATO:

Nosso site: www.clinicagera.com.br

Nossos blogs: http://conversadecasal.zip.net e http://redevirtualdereproducaohumana.blogspot.com


Excelência em Comunicação na Saúde
Márcia Wirth



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