Estudo apresenta soluções para a formação de uma rede integrada e autossustentável | |||
A formação de uma grande rede de comercialização e gestão autossutentável de cooperativas de catadores de resíduos sólidos foi uma das soluções apontadas por um diagnóstico socioeconômico dos catadores de materiais recicláveis, realizado no período de abril e julho de 2008 e apresentado pela primeira vez ao público na terça-feira (19/05), no auditório da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). O estudo aponta a formação de uma rede como a melhor proposta para comercialização final dos resíduos e, assim, diminuir o impacto do atravessador no comércio. O diagnóstico foi realizado pela Associação dos Protetores do Mar (Guardiões do Mar), com a execução técnica do Pangea - Centro de Estudos Socioambientais. Contou com a parceria da Petrobras e da Fundação Banco do Brasil, e apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Movimento Nacional dos Catadores (MNCR/RJ) e do Instituto Estadual do Ambiente/Secretaria Estadual de Ambiente. Contou ainda com a contribuição dos grupos, associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis. O estudo conclui que as cooperativas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro trabalham de maneira autônoma e, com isso, perdem a oportunidade de aumentar os ganhos pela comercialização conjunta. "O objetivo desse diagnóstico foi analisar as condições socioprodutivas dos catadores, para uma proposta de rede de comercialização", afirma o diretor do Pangea, Antonio Bunchaft. A proposta é que as cooperativas passem a funcionar em rede, por meio de quatro entrepostos (galpões), estrategicamente localizados com base na facilidade de transporte e no fluxo de descarte dos resíduos sólidos. É proposta ainda uma central, que teria como objetivo incorporar na comercialização a etapa pré-industrial - isto é, a transformação do material reciclável em produto acabado - como copos e artefatos de decor ação. De acordo com o estudo, as receitas e a produtividade das cooperativas, bem como o faturamento por catador, variam A conclusão é que a comercialização integrada aumentará o valor de venda dos materiais recicláveis. "A comercialização conjunta uniformiza os preços pelo topo", afirma o coordenador do estudo, João Damásio, economista e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Para o presidente da Guardiões do Mar, Pedro Belga, o trabalho em rede é fundamental para aumentar os ganhos dos catadores. Os efeitos de uma rede também ocorreriam na quantidade de material coletado, que poderia chegar a 1,5 milhões de kg mensais, de acordo com o estudo. De acordo com o estudo, a média de faturamento de um catador da Região Metropolitana do Rio de Janeiro é de R$ 417,50 mensais, com o maior faturamento individual sendo de R$ 1.139,00, e o menor, de R$ 39,00. Os catadores comercializam 94 tipos de materiais recicláveis - como madeira, vidro e alumínio. As menores cooperativas têm 10 catadores, enquanto as maiores chegam a ter 160. A pesquisa para o diagnóstico foi realizada junto a 33 cooperativas, em um total de 1.284 catadores. Foram aplicados questionários para levantamento de informações sobre a situação social dos cooperados e sobre o aspecto econômico e produtivo das cooperativas. Foram realizadas também visitas de campo. A conclusão do diagnóstico é coerente com as ações defendidas para os catadores pelos órgãos reunidos na Rede de Apoiadores de Coletiva Seletiva Solidária e pela Secretaria de Ambiente do Estado do Rio (SEA). Para o superintendente de Qualidade Ambiental da SEA, Walter Plácido, "são necessários mecanismos de fomento para que a cadeia de reciclagem tenha preços vantajosos (para os catadores)". A Fundação Banco do Brasil, que integra a rede, tem várias ações de apoio a cooperativas de catadores de recicláveis em todo o Brasil. O gerente de Parcerias, Articulações e Tecnologias Sociais da Fundação BB, Jefferson D'Ávila de Oliveira, reafirma o compromisso da Fundação no apoio às organizações de catadores. Outra integrante da rede, a Petrobras também apoia cooperativas, tendo beneficiado 7.200 catadores no período 2003-2008, sendo 600 deles no Estado do Rio de Janeiro. Os catadores beneficiados tiveram aumento médio de renda de R$ 111,00 para R$ 400,00, cada um. A experiência na área de reciclagem levou ao desenvolvimento da metodologia de Incubação de Redes de Empreendimentos de Reciclagem para Comercialização. Em 2008, a empresa apresentou a metodologia na Rede de Tecnologia Social, que difunde e reaplica em escala produtos, técnicas ou metodologias desenvolvidas na interação com a comunidade e que representam efetivas soluções de transformação social. O objetivo de apresentar a metodologia numa rede de replicação foi justamente "incentivar a organização em rede dos catadores, com foco na organização de um processo produtivo que permitisse melhor preço de venda das mercadorias recicláveis", explica a gerente de Programas Sociais da Petrobras, Janice Dias. | |||
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