terça-feira, 12 de maio de 2009

CPLP deve unir-se para promover idioma, defende diplomata


Os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) deveriam estar mais integrados na promoção e defesa do português dentro e fora do bloco, defendeu nesta terça-feira, em Lisboa, o embaixador brasileiro junto da comunidade lusófona.

"Eu penso que, sobretudo dentro de um espírito de CPLP, deveríamos unir-nos muito mais. É importante e desejável que possamos apresentar-nos um pouco mais unidos", declarou o embaixador Lauro Moreira sobre a divulgação do português, durante o Fórum sobre a Língua Portuguesa, no Centro Científico e Cultural de Macau, evento integrado na Semana Cultural da CPLP.

Lauro Moreira citou que é preciso haver mais diálogo, integração e maior articulação de ações entre os países da CPLP.

"Agora, com o acordo ortográfico será ótimo, pois vamos reunificar aquilo que um dia já foi unificado, unificar mas não uniformizar a língua. É a unidade na diversidade, inclusive ortográfica", acrescentou o diplomata brasileiro.

"É claro que há um organismo (para a promoção da língua portuguesa), que é um fracasso até agora e nós estamos fazendo de tudo para que tenha uma efetiva atuação, que é o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP)", indicou ainda o embaixador.

"Que nós temos trabalhar junto, temos, que o IILP deveria fazer isso (promover a língua portuguesa), deveria", lamentou Madalena Arroja, Diretora de Serviços de Coordenação do Ensino do Português no Exterior do Instituto Camões (IC).

Lauro Moreira defendeu também que o Instituto Camões e demais organizações governamentais e outros organismos que tratam da promoção e defesa da língua portuguesa deveriam agir de uma forma mais convergente. Segundo o embaixador, "há convênios sim, mas na prática não funcionam".

"A forma como o (Instituto) Camões trata os leitorados do mundo não tem nada a ver conosco, com o Brasil, sendo que entre cinco falantes de português no mundo, quatro são brasileiros", citou também o embaixador, para salientar a distância que há entre as instituições e Estados lusófonos.

A funcionária do IC argumentou também que o instituto português também tem leitorados conjuntos, como o que mantém com a Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique.

"Não vamos buscar leitores a estes países (lusófonos) porque eles ainda fazem falta nas suas instituições", disse ainda Madalena Arroja, acrescentando ainda que leitorados deveriam ser mesmo da CPLP.

"A promoção e defesa da língua portuguesa é um dos pilares da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, ora o que o Instituto Camões faz é exatamente isto, mas acredito que estamos a esquecer uma dimensão muito importante, que é de trabalharmos a consolidação da língua intramuros também, dentro dos países da CPLP", afirmou o diplomata brasileiro.

"A sensação que tenho é de que não estamos a prestar a atenção necessária a este assunto", afirmou Lauro Moreira.

O embaixador Lauro Moreira disse ainda que "o Instituto Camões com o potencial que tem, com a estrutura que tem, talvez pudesse apresentar-se de uma maneira um pouco mais harmonizado com os nossos países (CPLP), inclusive o Brasil".

Segundo Madalena Arroja, "um dos grandes objetivos do IC é a formação dos professores, em primeiro lugar, nos países africanos de língua portuguesa e no Timor Leste".

"Na formação de professores estamos a trabalhar em 16 instituições no Timor Leste e nos países africanos de língua portuguesa", indicou ainda a funcionária do IC, complementando que a instituição portuguesa está atuando, por exemplo, na formação continuada em todo o território da Guiné-Bissau. (LUSA) (agencialusa.com.br)