quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Brasil, China, Índia e África do Sul podem fazer muito pelo clima

Os quatro países, que se reúnem em Nova Déli a partir de domingo, têm a oportunidade de destravar as negociações em torno das mudanças climáticas 

Nova Déli, São Paulo, Johanesburgo e Pequim, 20 de janeiro de 2010 - No próximo domingo (24), ministros das quatro principais economias emergentes – Brasil, Índia, África do Sul e China – vão se reunir em Nova Déli para discutir uma estratégia conjunta para ser adotada nas negociações sobre o clima do planeta. Essa será a primeira reunião multilateral oficial desde o fracasso da COP15. O quarteto, chamado de Basic, provou ser um dos grupos mais influentes nas negociações que aconteceram em Copenhague. 

O Greenpeace lembra aos representantes dos países que se reunirão em Nova Déli que o poder que sua aliança lhes dá na diplomacia internacional vem junto com uma responsabilidade maior, a de liderar o mundo na busca de uma solução para a crise climática. Juntas, as quatro nações respondem por 11% do PIB mundial e por 30% das emissões globais de gases do efeito estufa. 

"A diplomacia internacional se encontra em uma encruzilhada. A geopolítica do século 21 vai demandar uma agenda muito mais corajosa e ambiciosa", afirma Siddarth Pathak, especialista em política de clima e energia do Greenpeace na Índia. "Os países do Basic não podem mais se esconder atrás das nações mais pobres. Eles precisam se comprometer com seu novo papel internacional no controle das mudanças climáticas, a maior ameaça que a humanidade enfrenta hoje." 

"Eles não podem começar a agir como fizeram os Estados Unidos e as outras nações desenvolvidas nos últimos anos, olhando para o problema puramente de suas próprias perspectivas nacionais", afirma Themba Linden, analista político do Greenpeace na África. "Os países do Basic, na questão climática, precisam liderar o mundo à parte das nações industrializadas, para obter um acordo com força de lei que leve em consideração as conseqüências do aquecimento global para os países em desenvolvimento, especialmente os mais vulneráveis."

"China, Índia, Brasil e África do Sul precisam unir forças para alcançar um acordo justo, ambicioso e legalmente vinculante na próxima conferência da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças do Clima, que acontecerá no México", explica Ailun Yang, coordenadora da campanha de clima e energia do Greenpeace na China. "O Acordo de Copenhague, um texto negociado pelo Basic e os Estados Unidos, é insuficiente e não contempla as medidas necessárias para controlar as mudanças climáticas." 

As metas nacionais de redução de emissão de gases-estufa, assim como outras ações de mitigação, declaradas individual e voluntariamente pelos países em Copenhague, são uma demonstração clara da falta de ambição e de vontade política que colocam o mundo no caminho de um desastre climático. Um texto confidencial do secretariado da Convenção-Quadro mostra que, se essas metas forem seguidas, a temperatura média global subiria mais de 3ºC – muito acima do limite seguro estabelecido pela ciência. 

Além de ter um papel mais progressivo nas negociações internacionais, os países do Basic também precisam buscar um caminho para o desenvolvimento baseado em uma economia de baixo carbono, estabelecendo um exemplo para o mundo industrializado. Mas, acima disso, os quatro países – que seguem no rumo de se tornarem potências econômicas mundiais – devem reconhecer que têm muito a oferecer às nações mais pobres, em termos de financiamento e transferência de tecnologia, para ajudá-los a se adaptar ao aquecimento global e descobrir uma forma de crescer sem prejudicar o clima.

"O Basic, como uma nova força nesse debate, deve assegurar que suas ações não prejudicam os  países mais vulneráveis e que estes não serão excluídos do processo de negociação. Eles também precisam aprimorar suas metas domésticas de corte de emissões e pensar em contribuir com financiamento e tecnologia para adaptação e mitigação em outras nações em desenvolvimento", afirma Marcelo Furtado, diretor-executivo do Greenpeace no Brasil. "Essa é a única maneira de China, África do Sul, Índia e Brasil destravarem o impasse que impede o planeta de lidar com a crise climática. 

Greenpeace/comunicação

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