29 de agosto – Dia Nacional de Combate ao Tabagismo
A SPPT, o fumante passivo e a nova lei antifumo
Considerada a principal causa de morte evitável no mundo, o tabagismo leva a óbito, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 4,9 milhões de pessoas anualmente no planeta. Aliás, cerca de 10 mil indivíduos morrem por dia todos os anos em consequência de doenças relacionadas ao tabaco. E a previsão não é animadora: esse número pode chegar a 10 milhões ao ano em 2030.
O cigarro é a principal causa de doenças como pneumonia, asma, câncer de pulmão, de boca e uma série de outras relacionadas, que atingem não só o fumante ativo, mas também o fumante passivo, informa o presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), José Eduardo Delfini Cançado.
"Para o organismo independe da onde vem a fumaça inalada. O fumante passivo, portanto, pode desenvolver doenças como se fosse um fumante ativo, mesmo sem ter acendido um único cigarro na vida", acrescenta o pneumologista Sérgio Ricardo dos Santos, coordenador da Comissão de Tabagismo da SPPT.
O risco está diretamente relacionado à carga de exposição a que o fumante passivo se submete. O tempo de exposição à fumaça, o tamanho do ambiente, e a quantidade de fumaça inalada são os três principais fatores que podem complicar a vida do fumante passivo.
Dr. Sérgio esclarece que através do balanço dessas variáveis é que se pode salientar o risco da exposição do não-fumante e sua probabilidade de desenvolver doenças como o câncer de pulmão, que é cientificamente comprovada uma das doenças relacionadas ao cigarro, atingindo o fumante passivo.
Benefícios da nova lei
Evidências científicas mostram que o fumante passivo, e principalmente aqueles que trabalham como garçons, recepcionistas, cozinheiros de restaurantes, bartenders de boate, garçonetes, ou seja, todos os diretamente ligados à indústria do entretenimento, seja em hotéis, bares, restaurantes, boates, etc, inalam passivamente grande quantidade de fumaça do cigarro e todas as substâncias tóxicas nela encontradas.
Estudos mostram que esses indivíduos estão geralmente de oito a 12 horas ao lado do fumante e, assim, permanecem expostos este tempo todo à fumaça do cigarro.
"Alguns desses trabalhadores inalam o equivalente de 7 a 10 cigarros por turno de trabalho", adverte o dr. Sérgio.
Outro elemento importante é que esses trabalhadores adoecem mais do que aqueles que estão expostos a ambientes livres de tabaco. O número de afastamento e de diagnósticos de doenças, por causa da exposição à fumaça do cigarro, também é maior nos trabalhadores de ambientes fechados em que ainda se fuma.
A nova lei antifumo, que entrou em vigor no Estado de São Paulo no início de agosto, acaba com fumódromos e restringe o fumo em locais fechados.
"Aí está o principal objetivo da nova lei: proteger o fumante passivo. A partir do momento que esses ambientes são respeitados e é proibido fumar, todas as pessoas passam a respeitar a escolha do não-fumante".
Dr. Sérgio ainda ressalta que é direito de qualquer cidadão estar em um ambiente que não lhe traga riscos à saúde, 100% livre de fumaça. O responsável por garantir isso é o proprietário ou gerente do local, que deve respeitar plenamente a lei do consumidor.
A Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, vale registrar, acredita que economizará cerca de 90 milhões de reais por ano com a redução das internações dos fumantes passivos com doenças relacionadas ao tabaco.
"Não podemos penalizar quem é dependente da nicotina, esse indivíduo deve ser tratado, orientado, conscientizado e apoiado para deixar de fumar. Já o proprietário do estabelecimento tem a obrigação de fazer cumprir a lei. A maior necessidade é fazer as pessoas se conscientizarem que nessa nova lei o fiscalizador é o próprio cidadão", ressalta o coordenador da Comissão de Tabagismo da SPPT.
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