Ministra Ana de Hollanda recebeu relatório do Iphan sobre áreas de risco na cidade que é Patrimônio da Humanidade
A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, anunciou nesta quinta-feira (13) o repasse em caráter emergencial de R$ 500 mil, por meio do Programa Momumenta, para ações no Centro Histórico da Cidade de Goiás, conhecida como Goiás Velho. O objetivo é proteger a região que é um dos 18 Patrimônios da Humanidade localizados no Brasil.
"Ainda não fechamos o orçamento, mas já destaquei R$ 500 mil para o Iphan socorrer a Cidade de Goiás. A verba tem caráter emergencial, mas o trabalho será permanente", explicou a ministra. "A Cidade de Goiás tem um diferencial em relação às outras cidades. Ela é fundamental para a memória, para a lembrança e para a história do Brasil", completou Ana.
A estratégia de ação será definida a partir do relatório apresentado nesta quinta-feira pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). De acordo com o documento, somente nos 13 primeiros dias do ano choveu 90% do esperado para todo o mês de janeiro. O principal efeito da alta do índice pluviométrico foi a cheia do Rio Vermelho, que corta a cidade e transbordou na última segunda-feira (10).
Dos cerca de 800 imóveis tombados, 42 sofreram danos, sendo que dois sofreram perda total. Dez pontes também precisaram ser parcial ou totalmente interditadas e 123 famílias estão desalojadas. O prefeito de Goiás, Joaquim Berquó, decretou situação de emergência.
"Estamos procurando uma união com o governo estadual, com o Iphan e com o MinC para preservar a cidade e nossos moradores. Gostaria de pedir a atenção de todos", apelou Berquó.
O presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, acredita que "a ministra visitar a Cidade de Goiás é uma declaração indubitável de apoio ao patrimônio". Para ele, a dimensão das ações a serem realizadas vai além de uma política de preservação do patrimônio. "Tem que se olhar a raiz do problema: o meio ambiente, o solo, a região", ponderou.
O relatório explica que as principais causas das constantes enchentes do rio são a erosão das margens e o grande número de curvas estreitas no curso de água, que aumenta a força da correnteza quando a vazão aumenta.
A casa onde viveu a poeta Cora Coralina (atualmente um museu) não sofreu dano, mas permanece interditada até que a Defesa Civil emita um laudo liberando sua ocupação. O local está vazio, porque o acervo foi removido preventivamente para a Igreja do Rosário. Na devastadora enchente de 2001, a água invadiu a casa e levou boa parte do material.
Otimista, Ana de Hollanda acredita na recuperação de Goiás. "Quero voltar aqui em momentos alegres. Agora vim em uma missão de solidariedade, para ajudar a cidade", finalizou a ministra.
Também acompanharam a visita a superintendente do Iphan em Goiás, Salma Saddi, e o presidente da Agência Goiana de Cultura (Agepel), Gilvane Felipe.
Memória
O núcleo urbano da cidade de Goiás se desenvolveu às margens do Rio Vermelho, com os locais de mineração e moradias disputando a topografia acidentada. Este tipo de ocupação tem feito com que a cidade sofra impacto em épocas de intensas chuvas ao longo de sua história, como a grande enchente de 1839.
No final de 2001 e começo de 2002, menos de um mês após o recebimento do título de Patrimônio Cultural da Humanidade pela cidade, cerca de 160 dos 800 imóveis tombados pelo Iphan foram danificados, entre eles a casa onde viveu Cora Coralina e onde estava o acervo da poeta. A força da água levou objetos e anotações pessoais da poeta.
Cidade Patrimônio
O Centro Histórico da cidade de Goiás, antiga capital do estado, entrou em 2001 na Lista do Patrimônio Cultural Mundial, tornando-se o 17º Patrimônio da Humanidade localizado no Brasil. A cidade tem importância histórica, por ser o local onde o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, localizou grandes jazidas de ouro.
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