segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Câncer de Pulmão e a saúde pública: os obstáculos para o diagnóstico

Falta de informação e atraso do início do tratamento contribuem para as altas taxas de mortalidade 

 

A incidência do câncer de pulmão nos últimos anos tem aumentado no país, preocupando não só a população, como especialmente os médicos. Um dos tumores mais prevalentes, e que mais mata, apresenta problemas sérios quando se trata de seu diagnóstico.

 

Na saúde pública, o problema é ainda mais grave. Devido à ausência de sintomas particularmente no início, o diagnóstico geralmente é feito quando a doença já está em estágio avançado.

 

Segundo o dr. Mario Claudio Ghefter, diretor do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo e membro da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), um dos maiores obstáculos na saúde pública são as condições de trabalho oferecidas aos profissionais. O excesso de pacientes e a falta de médicos impossibilitam uma avaliação adequada do paciente.

 

Enquanto isso, avalia o médico, diagnósticos equivocados de pneumonia, tuberculose, ou qualquer causa de tosse, não são raros. "Em países como a Rússia, por exemplo, embora a procura pelo médico demore mais do que no Brasil, o diagnóstico é realizado rapidamente".

 

Outro problema é a falta de informação dos pacientes, além de campanhas preventivas insuficientes. O próprio paciente não tem ideia da importância do diagnóstico precoce e da realização de exames de rotina.

 

"Acabamos voltando para a questão da educação médica; o médico tem não apenas de pensar no diagnóstico, mas também saber que caminho tomar, quais exames pedir e, se for o caso, encaminhar esse paciente para um lugar onde possa ser atendido mais rapidamente" alerta Mario. 

 

Presente, passado e futuro da doença 

No passado, os homens fumavam mais que as mulheres, tendo mais incidência na doença. Os números começaram a mudar nos últimos 30 anos, quando as mulheres deixaram as atividades do lar em busca de realização profissional.

 

Hoje, elas trabalham, estudam e têm uma vida agitada. Com isso, tornaram-se mais sedentárias, mais estressadas, se alimentam mal, fumam mais e não têm mais tempo para cuidar de si mesmas. O resultado é que a incidência do câncer na mulher aumentou muito.

 

Para o futuro, prevê dr. Mario, os avanços devem ficar por conta do diagnóstico, que deverá ser feito antes mesmo do aparecimento da doença, por meio de modernos exames que serão realizados nas populações de risco.

 

"Se todos os recursos já utilizados na saúde privada estivessem disponíveis também na saúde pública, já seria um grande avanço", finaliza.

 

 

Laura Storni ou Monica Kulcsar | Acontece 

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farolcomunitario | rede web de informação e cultura
coletivo de imprensa 

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