Ministério da Saúde articula ações restritivas ao consumo de álcool. Iniciativa foi fundamental para a publicação da Lei Seca, que já evitou mais de duas mil mortes
Os brasileiros relatam cada vez mais episódios de exageros com bebida. A proporção de pessoas que declaram consumo abusivo de álcool cresceu de 16,2% da população, em 2006, para 18,9%, em 2009. Os dados fazem parte da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), que entrevistou 54 mil adultos.
O Ministério da Saúde considera excesso de bebida alcoólica cinco ou mais doses na mesma ocasião em um mês, no caso dos homens, ou quatro ou mais doses, no caso das mulheres. O levantamento mostra que as situações de descontrole na hora de beber são mais frequentes na população masculina. No ano passado, 28,8% dos homens e 10,4% das mulheres beberam demais.
"Esse nível de consumo de bebida é bastante elevado e preocupante, pois é fator de risco para acidentes de trânsito, violência e doenças. Mas nem sempre isso é lembrado porque o álcool está presente na cultura brasileira, associado ao lazer e à celebração", interpreta a coordenadora de Vigilância de Agravos e Doenças Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta. Ela ressalta que, considerando apenas a população masculina, o índice do Brasil (28,8%) é superior ao do Chile (17%), Estados Unidos (15,7%) e Argentina (14%).
De acordo com a Vigitel 2009, o consumo abusivo de bebida alcoólica é mais frequente entre os jovens de 18 a 24 anos (23%). À medida que a idade avança, o número de exageros diminui. De 45 a 54 anos e de 55 a 64 anos, 17% e 10,5% da população relatam que beberam em excesso, respectivamente.
COMBATE – No intuito de frear o consumo de álcool, o Ministério da Saúde apoia medidas mais restritivas como a proibição da propaganda de cervejas e a elevação no preço das bebidas. Essas ações foram incluídas na estratégia global da Organização Mundial da Saúde (OMS) contra o problema, anunciada em maio na Suíça. A OMS informa que abusos no consumo de bebida alcoólica matam por ano 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo.
A "Lei Seca", que reduziu a zero a tolerância entre álcool e direção, é fruto de uma ampla articulação do Ministério da Saúde. Após dois anos em vigor, as mortes provocadas por acidentes de trânsito caíram 6,2% no período de 12 meses após a Lei Seca, quando comparado aos 12 meses anteriores à Lei. Esse índice representa 2.302 mortes a menos em todo o país, reduzindo de 37.161 para 34.859 o total de óbitos causados pelo trânsito.
"Precisamos avançar no marco regulatório do álcool, da mesma forma que estamos fazendo em relação ao tabaco. É necessário proteger vidas", destaca Deborah Malta. Atualmente tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que inclui a cerveja no rol de bebidas alcoólicas cuja publicidade é proibida.
SOBRE A VIGITEL
A pesquisa é realizada anualmente desde 2006 pelo Ministério da Saúde. Os dados são coletados e analisados por meio de uma parceria com o Núcleo de Pesquisa em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP).
Aracaju | 20,2 |
Belém | 21,3 |
Belo Horizonte | 22,2 |
Boa Vista | 23,5 |
Campo Grande | 19,1 |
Cuiabá | 17,8 |
Curitiba | 13,9 |
Florianópolis | 17,7 |
Fortaleza | 21,7 |
Goiânia | 18,9 |
João Pessoa | 19,1 |
Macapá | 23,9 |
Maceió | 22,7 |
Manaus | 16,6 |
Natal | 18,2 |
Palmas | 18,9 |
Porto Alegre | 16,8 |
Porto Velho | 20,6 |
Recife | 18,0 |
Rio Branco | 14,1 |
Rio de Janeiro | 21,0 |
Salvador | 25,6 |
São Luís | 21,3 |
São Paulo | 14,4 |
Teresina | 22,8 |
Vitória | 22,1 |
Distrito Federal | 20,2 |
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