Diversos estudos demonstram a maior incidência de problemas cardíacos em pacientes com câncer. Segundo uma revisão publicada no Journal of the American College of Cardiology, alguns dos métodos utilizados no tratamento oncológico podem afetar a saúde cardiovascular em até 28% dos pacientes. Aliás, os pacientes, nestes casos, ficam mais suscetíveis a desenvolver insuficiência cardíaca, doenças do pericárdio e das valvares e insuficiência coronariana.
Os problemas acontecem devido às variações dos efeitos das terapias oncológicas. Exemplo disso são os efeitos adversos das drogas quimioterápicas. Dependendo do tipo de droga utilizada, e também de outros fatores como dosagem, doença cardíaca pré-existente e história de radioterapia prévia na região do tórax, pode haver maior ou menor incidência e gravidade. Um dos efeitos observados é a cardiotoxidade, ou seja, tóxicas às células do coração. A medicação acaba comprometendo o desempenho, levando à insuficiência do órgão, que pode dilatar e enfraquecer.
Outro efeito que pode ocorrer é arritmia e o comprometimento de estruturas como o revestimento do coração e vasos - pericárdio, endotélio, vascular, entre outros -, levando também à alteração da função do coração.
"A evolução cada vez maior dos tratamentos, a pesquisa de novos medicamentos e de técnicas específicas que ataquem só o tumor tem como objetivo afetar cada vez menos outros órgãos não envolvidos com o câncer. Drogas como os betabloqueadores (carvedilol), os hipolipemiantes, o dexrazoxane parecem ter um efeito protetor cardíaco durante os tratamentos necessários para o combate ao câncer. Estas tem sido alvos de estudos para maior evidência e comprovação', comenta o dr. Daniel Potério, membro da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo Regional Araras.
Outro estudo, publicado recentemente no Journal of the National Cancer Institute, afirma que o risco de doença cardíaca em consequência da terapia contra o câncer aumenta com a idade, embora afete pessoas de qualquer faixa etária.
Por este motivo, após o tratamento e até mesmo após a cura do câncer, o acompanhamento médico deve continuar. Este acompanhamento é muito importante, não apenas com o oncologista, mas também com o cardiologista, que poderá acompanhar de perto ou até mesmo descartar eventuais consequências destes tratamentos.
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