Em encontro com empresários promovido pelo LIDE em São Paulo, Sérgio Gabrielli defende aprovação urgente de novo marco regulatório pelo Congresso para capitalizar a empresa.
São Paulo, 30 de março de 2010 – O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, afirmou hoje, durante almoço-debate promovido pelo LIDE, no hotel Grand Hyatt, em São Paulo, que a aprovação do novo marco regulatório para o setor petrolífero pelo Congresso é a única chance de a empresa estar suficientemente forte e capitalizada para realizar os investimentos necessários no pré-sal. A empresa tem urgência na aprovação das regras do pré-sal, mas a polêmica em torno da emenda Ibsen Pinheiro (que distribui os royalties do petróleo para todos os Estados, sem dar preferência aos Estados produtores) e outras medidas devem provocar um prolongado debate entre os parlamentares. E a Petrobras não pode esperar.
"Estamos no limite do nosso endividamento em relação ao capital", afirmou Gabrielli aos 252 empresários presentes ao evento. No ano passado, a empresa gerou R$ 74 bilhões em novas dívidas e, pelos cálculos do presidente da empresa, este ano precisaria de outros R$ 82 bilhões. "Se o Congresso não aprovar a tempo, o Governo Federal terá que descobrir outras formas de investir", explicou o executivo. Se as novas regras passassem pelo Congresso, a Petrobras conseguiria um aumento de capital com a transferência de reservas virtuais de petróleo pela União.
Gabrielli afirmou também que a mudança no valor dos investimentos da empresa programados para o período entre 2011 e 2014, de R$ 265 milhões para R$ 250 milhões, foi um "ajuste dos critérios do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) aos critérios da empresa", e não um corte nos investimentos.
Do novo valor total, estão previstos investimentos de R$ 153,6 bilhões em exploração e produção de petróleo; R$ 79 bilhões em refino, transporte, comercialização e petroquímica; R$ 17 bilhões em gás natural e R$ 216 bilhões em biocombustíveis.
Perguntado sobre a atual distribuição de royalties do petróleo entre os Estados, o presidente da Petrobras respondeu que, em sua opinião pessoal, a atual divisão – que dá 80,9% de participação para o Estado do Rio de Janeiro - está incorreta. "Para a Petrobras, esta questão é indiferente. Porém, minha opinião, como pessoa física, é de que não está certo o Estado do Rio ficar com R$ 7,5 bilhões por ano e a Bahia receber apenas R$ 246 milhões", afirmou, destacando, no entanto, que a proposta do deputado Ibsen Pinheiro também é descabida.
Porém, o executivo esclareceu que a distribuição dos royalties por igual entre os Estados, como prevê a emenda Ibsen Pinheiro, também é incorreta.
Atualmente a Petrobras produz cerca de 2,5 milhões de barris por dia, e este número deve subir para 5,3 milhões/dia até 2020 com o pré-sal, afirmou Gabrielli, explicando que estes números representam um crescimento de 7,5% ao ano. Em função da excelente oportunidade propiciada pela exploração de petróleo no Brasil, a Petrobras não tem planos de fazer grandes investimentos internacionais.
O presidente da Petrobras também foi questionado sobre prováveis perdas de acionistas minoritários da companhia com a criação de uma empresa para controlar a exploração de petróleo no pré-sal, e afirmou que a empresa a ser criada vai controlar apenas os custos de produção, sem prejuízos para os acionistas. E acrescentou ainda que, dado o aumento da capacidade de investimentos da empresa nos últimos anos e a impressionante disparada do valor de mercado da Petrobras, "os minoritários não têm do que reclamar."
Recorde de otimismo – Pesquisa FGV Lide de Clima Empresarial realizada esta tarde durante evento com o presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, mostrou que o Índice de Clima Empresarial ficou em 7,3, o maior dos últimos seis anos. Do total de entrevistados, 74% disseram que os negócios de suas empresas estão melhores em comparação ao ano passado; outros 24% disseram que estão iguais e apenas 2% afirmaram que o quadro está pior do que em 2009.
A pesquisa diz ainda que 68% dos entrevistados planejam contratar este ano; 27% têm planos de manter o atual quadro de funcionários e 5% pensa em demitir.
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