Documento será apresentado amanhã (31) na reunião dos países doadores do Haiti na ONU e prevê reestruturação do sistema de saúde haitiano
Em visita a Cuba e ao Haiti no final de semana (27 e 28), o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, assinou memorando de entendimento de cooperação internacional tripartite em que Brasil e Cuba irão juntar esforços para reestruturar e fortalecer o sistema de saúde do Haiti. A ideia é que o Brasil financie e forneça infraestrutura para ações e serviços enquanto Cuba garanta o apoio logístico às operações e faça o envio de profissionais de saúde.
De acordo com o memorando assinado, Cuba participará, principalmente, com o envio de pessoal especializado e apoio operacional. Serão médicos e técnicos cubanos trabalhando no Haiti. Ao Brasil caberá reformar hospitais e centros de saúde, enviar equipamentos e ambulâncias, estruturar programa de atenção básica à saúde, criar um centro de vigilância epidemiológica e auxiliar na ampliação da vacinação aos haitianos.
Já ao Haiti caberá definir as áreas em que essas unidades vão ser construídas, as unidades que vão ser recuperadas, dar todo apoio de infraestrutura e garantir o pagamento do pessoal técnico que vai atuar em todo o sistema de saúde do país.
Amanhã (31), Brasil e Cuba irão anunciar na reunião da ONU dos países doadores ao Haiti, em Nova Iorque, a recuperação do sistema de saúde haitiano, o que para o ministro Temporão, representa um marco.
"Agora partimos para outra etapa de ajuda ao Haiti. Mudamos o padrão de apoio, do emergencial para o estratégico, com foco na recuperação social do país", afirmou.
De acordo com o ministro Temporão, além da reforma de hospitais, aquisição de equipamentos e ambulâncias, o Brasil quer ampliar o escopo da ajuda humanitária e garantir que o Haiti seja autossuficiente na gestão da saúde pública, com a formação qualificada de profissionais haitianos.
Os recursos para a cooperação estão na medida provisória, assinada pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, no final de janeiro deste ano, que abriu crédito extraordinário de R$ 135 milhões para a execução do plano de auxílio e reestruturação do Haiti.
A cooperação irá garantir apoio aos médicos haitianos que são formados na Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM), em Cuba, e que retornam ao Haiti para viver e trabalhar. O governo brasileiro vai financiar bolsas para capacitar profissionais de saúde haitianos e apoiar a qualificação da gestão assistencial no país e construir módulos habitacionais para profissionais de saúde bolsistas nas unidades de saúde comunitárias.
De acordo com o ministro Temporão, em no máximo 20 dias os países irão detalhar o plano de ação, que engloba a construção de UPAs adaptadas à realidade haitiana, com estrutura para realização de partos e cirurgias, por exemplo. E ainda, reequipamento e reedificação dos prédios de saúde, estruturação do programa Saúde da Família e a construção de um Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde, nos moldes do Cievs brasileiro, que é um centro de investigação e inteligência no combate de epidemias.
Ainda no escopo da cooperação, o ministro destaca a preocupação brasileira com a cobertura vacinal do Haiti, que, segundo ele, é muito baixa, pois cobre apenas 40% da população. "Você tem doenças que já foram erradicadas há muito tempo nas Américas e que continuam acontecendo lá. E por isso vamos apoiar a vacinação em massa do Haiti para erradicação de doenças infecciosas".
Agência Saúde
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