Meta estabelecida pela organização internacional deve ser atingida até 2015, para evitar congestionamentos e "apagões" das redes
A União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência das Nações Unidas especializada em questões de tecnologias da informação, já fez um alerta: o Brasil disponibiliza apenas 38,6% da meta de espectro que seria recomendada até 2015 para evitar congestionamentos e apagões nas redes móveis.
O desempenho brasileiro da meta, entretanto, é melhor do que os dos países vizinhos. Chile e Colômbia estão, respectivamente, em 30,3% e 31,7% da meta de espectro da UIT. A Argentina, por sua vez, conta com apenas 14,6% da recomendação. A média da América Latina está em 19,8%.
A maior quantidade de espectro em relação aos países vizinhos não significa necessariamente mais qualidade para o usuário final dos serviços de telefonia móvel. "A diferença é que o Brasil tem dez vezes mais assinantes de redes móveis do que o Chile, por exemplo. Ou seja, a quantidade de espectro para cada assinante é maior no Chile do que no Brasil. Existem ainda outros fatores que devem ser considerados, como a penetração de redes 3G e 4G, a distribuição de assinantes pelo país, a adoção da banda larga móvel pela população, a quantidade de estações radiobases (ERBs) e antenas, dentre outros", afirma Erasmo Rojas, diretor da 4G Americas para a América Latina e Caribe, associação que reúne fabricantes, operadoras e prestadores de serviços de todo o continente.
"A alocação de espectro é um fator crucial para o desenvolvimento das redes 3G e 4G, que estão se popularizando rapidamente. Governos, agências reguladoras e operadoras devem estar atentas a essa questão, para evitar um 'apagão' na banda larga móvel nos próximos anos", alerta o executivo. No Brasil, os serviços de telefonia móvel contam com as faixas de 850 MHz, 900 MHz, 1800 MHz, 1900 MHz, 2100 MHz e 2500 MHz.
"Temos dados que comprovam que o acesso a banda larga móvel de qualidade é proporcional ao crescimento do PIB e ao desenvolvimento da população dos países latino americanos. Investir na disponibilidade de espectro para a telefonia e banda larga móvel é uma estratégia que deve ser considerada por todos os países da região", completa Rojas.
Até o final deste ano, a América Latina deverá ter mais de 680 milhões de aparelhos móveis ativos, dos quais 113 milhões (17%) terão acesso a banda larga móvel 3G ou 4G. Até o fim de 2017, o número de celulares ativos superará os 858 milhões, com 581 milhões (68%) com acesso ao 3G e 4G.
Paula Vieira | MSL