A segurança do ato anestésico depende de vários fatores. Um deles é a informação. Para isso, o médico anestesiologista precisa saber diversos aspectos sobre a saúde do pacientes e de seus antecedentes familiares.
De acordo com a razão da cirurgia, procedimentos cirúrgicos já realizados anteriormente, e nestes casos como foi a evolução no intra-operatório, o médico começa a elaborar o plano da anestesia e definir quais os anestésicos e aparelhos serão ou poderão ser utilizados em caso de complicação.
De acordo com o dr. Enis Donizetti Silva, vice-diretor científico da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (SAESP) e médico do Hospital Sírio-Libanês, todas estas informações, bem como aquelas colhidas durante a cirurgia, deveriam ficar armazenadas e à disposição dos médicos para futuras intervenções.
"Toda ficha de anestesia deveria acompanhar um documento, uma espécie de auditoria, do que aconteceu no intra-operatório, preenchido com as identificações dele e do paciente. Em nosso serviço, há um documento com estes indicadores. A assinatura fica a critério do anestesista", explica.
Não podemos esquecer que a ficha de anestesia e todos os outros documentos que compõe o prontuário anestésico, como a avaliação ambulatorial e a ficha de segmento e alta da recuperação pós anestésica, são de muita importância e a única prova da boa indicação e condução do procedimento anestésico, que certamente será importante em casos de processos éticos e judiciais, segundo Dr.Desiré Carlos Callegari, Presidente da Saesp e Conselheiro Estadual e Federal de Medicina.
Consulta pré-anestésica
A chamada avaliação pré-anestésica é amparada por uma determinação do Conselho Federal de Medicina, que determina que os hospitais tenham um ambiente específico para esta consulta.
"O princípio de zelar pela segurança e bem-estar do paciente, que está no Código de Ética Médica. Entretanto, ainda temos muitos relatos de morte por hipertermia maligna – reação anormal ao anestésico - e também de procedimentos cirúrgicos sem a consulta prévia do anestesista. Fiscalizar é o caminho", adverte dr. Enis.
Além desta consulta, cabe ao anestesista checar e preparar a sala de cirurgia para o procedimento anestésico, verificar aspirador, aparelho de anestesia e outros itens imprescindíveis, verificando o funcionamento de todos eles. Alguns hospitais contam com um serviço de suporte à anestesia, responsável por esta vistoria.
Embora esta etapa seja de suma importância, o dr. Enis adverte que cerca de 70% dos problemas em anestesia decorrem de falha humana. "Falha de equipamento tem uma incidência bem menor. Por isso o maior empenho deve ser melhorar a qualificação destas pessoas".
A Resolução CFM 1.802/2006, que disciplina a prática anestésica, recomenda a consulta pré-hospitalar e a obtenção do consentimento livre e esclarecido sobre o procedimento anestésico que o paciente irá se submeter. Esta é a grande oportunidade do anestesiologista esclarecer o paciente, diminuindo em muito o estresse anestésico-cirurgico, além de explicar as possibilidades e riscos inerentes ao procedimento, com o exercício do consentimento esclarecido, comenta Dr.Callegari.
A cirurgia
O primeiro ponto para uma anestesia segura é uma anestesia limpa, ou seja, lavar bem as mãos entre um procedimento e outro e antes de qualquer exame é primordial. A higiene deve se estender para o ambiente em torno da anestesia, além de manipular os instrumentos utilizando a técnica correta, fazer a assepsia prévia, entre outros, explica o especialista.
Quanto às medicações usadas em anestesia, elas são praticamente as mesmas em todo o mundo, como hipnóticos, analgésicos potentes, drogas venosas e inalatórias. A questão é se o paciente está recebendo a dosagem ideal.
"Deve haver preocupação sobretudo com a sobredose, situação frequente nos hospitais. Reações como hipotensão grave - queda brusca da pressão arterial - ou depressão miocárdica, em um paciente idoso, vítima de trauma, com um comprometimento da função cardíaca, renal ou respiratória, pode ter uma complicação grave, como uma parada cardíaca".
Já no caso do relaxante muscular, utilizado em anestesia geral, é possível monitorizar a dose em relação ao efeito. "Após injetada a droga é possível monitorizar o relaxamento muscular provocado pelo medicamento, permitindo aumento ou redução da dose a partir da reação do doente. Isso evita a sobredose que pode levar a respiração inadequada, com risco de depressão respiratória e hipoxemia, por exemplo".
A própria Resolução CFM 1802/2006, torna obrigatório alguns equipamentos e monitorizações específicas, como segurança mínima para a prática da anestesiologia. A resolução também contempla em seus anexos materiais e medicações de importância que são imprescindíveis para segurança do paciente e do profissional. É obrigação do médico anestesiologista, observar se o Hospital ou a Clínica onde será realizado o procedimento, contempla todas as condições de segurança para a boa prática do ato, sob pena de responsabilidade compartilhada por possíveis complicações decorrentes da especialidade, afirma Dr.Callegari.
Atualização médica
Outro ponto importante na segurança do paciente é a atualização médica. Como a medicina, assim como medicamentos e equipamentos, sofrem evolução contínua, e em grande velocidade, o médico precisa estar atento às novidades, promovendo a seu paciente sempre as condutas mais indicadas para cada situação.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) também vem se preocupando com o tema, especialmente após chegar à probabilidade de 5 milhões de vítimas de erros médicos, incidentes e acidentes, em todo o mundo. A partir daí foi lançada a campanha Vamos salvar 5 milhões de vidas, que deverá ser inserida no Brasil, a partir do Safety Symposium – A vida está em suas mãos, que ocorre em 21 de maio de 2010, em São Paulo, no Grand Hyatt São Paulo.
No evento, um representante da OMS trará referências internacionais sobre o tema. Também será um canal importante de atualização profissional, fruto da iniciativa de entidades médicas nacionais e internacionais, sociedades de especialidades e organizações internacionais, que visam a estruturar o cuidado e a segurança aos pacientes internados.
O foco do evento será a segurança voltada ao paciente, ao profissional de saúde e, especialmente, ao ambiente. Estarão em pauta questões sócio-ambientais, como água e energia utilizada no hospital; e o descarte de dejetos e lixo hospitalar.
Serão quatro grandes blocos: segurança na área da saúde, segurança do paciente, segurança para o profissional da saúde e processos de gerenciamento de segurança.
Portanto, entendemos de suma importância que o médico anestesiologista participe dos eventos programados pelas Sociedades de Especialidades – no caso a Saesp e SBA – para que além de se atualizar possam também pontuar para o Programa de Recertificação da AMB/CFM, conclui Dr.Callegari.
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