Os artistas deram ontem e na madrugada de hoje, segunda-feira, os últimos retoques em suas obras. Hoje, milhares de pessoas de Sarasota, de outras cidades norte-americanas e até de outros países visitam as obras e interagem com elas. Os 20 melhores trabalhos foram reconhecidos pela organização com uma medalha. A biblioteca em 3D, de Eduardo Kobra e equipe do Studio Kobra, está entre as obras premiadas. De 1 a 7 de novembro, os artistas de diversos países transformaram as ruas de Sarasota em uma verdadeira galeria a céu aberto.
O muralista e artista plástico Eduardo Kobra (Carlos Eduardo Fernandes Léo) participou de 1 a 7 de novembro (hoje) do Sarasota Chalk Festival, considerado o maior evento de pintura em 3D do mundo. Este ano, o evento teve a curadoria do grande Kurt Wenner. Participaram vários artistas de arte urbana, como John Pugh, Anat Ronen, Duane Schoon, George Colon e os franceses Konos e Astro. Kobra, que foi o único convidado brasileiro, viajou ao lado de outros três artistas do Studio Kobra (Agnaldo Britto, Marcos dos Santos e Andressa Munin) que também têm as despesas pagas pela organização do evento. O brasileiro participou do festival com três trabalhos: uma pintura em 3D (cena de um menino dentro de uma biblioteca, todo o trabalho feito em giz), a Garage Art (a pintura de um estacionamento, ao lado de outros quatro artistas - cada pintor é responsável por um andar) e a pintura de um prédio na avenida Pinapple, retratando uma cena de Sarasota na década de 40.
O evento transformou grande cidade em uma verdadeira galeria a céu aberto. Os artistas deram ontem e na madrugada de hoje, segunda-feira, os últimos retoques em suas obras. Hoje, milhares de pessoas de Sarasota, de outras cidades norte-americanas e até de outros países visitam as obras e interagem com elas. Os 20 melhores trabalhos foram reconhecidos pela organização com uma medalha. A biblioteca em 3D, de Eduardo Kobra e equipe do Studio Kobra, está entre as obras premiadas.
"O mais importante de tudo foi conhecer, conviver e principalmente aprender com todos esses grandes artistas. Foi uma experiência única que, certamente, será repetida mais vezes", afirma Eduardo Kobra, que acrescenta: "Até já estamos pensando em organizar algo do gênero no Brasil".
Kobra esteve recentemente quase um mês na Grécia, ao lado de Agnaldo Britto Pereira. Chegou ao Brasil no final de agosto, após concluir seu primeiro mural em Atenas, que havia sido atacado por religiosos, revoltados com o que chamavam de agressão a Deus, já que no mural "Evolução Desumana", do seu projeto "Greenpincel", na capital grega, apareciam imagens da evolução segundo Charles Darwin. Antes da Grécia, Kobra entregou murais em Londres (Inglaterra) e Lyon (França). ,
O Studio Kobra entregou recentemente vários murais para a cidade de São Paulo, dentro de seu novo projeto, o Greepincel. Fez o "Mar da Vergonha", onde critica o massacre de centenas de golfinhos na pequena cidade de Taiji, na costa meridional da ilha japonesa de Honshu; o "Sem Rodeios", depois de ficar chocado com as imagens nos jornais e sites do bezerro abatido pelo peão César Brosco durante a 56ª. Festa do Peão de Barretos; o igualmente chocante mural "Welcome to Amazônia" e o "CO2", além do primeiro trabalho do Greenpincel, "Navio Baleeiro" (obra crua e forte, baseada em uma cena da caça de uma baleia pelo navio Yushin Maru).
Segundo Kobra, o Greenpincel pretende denunciar e combater artisticamente as várias formas de agressão do Homem à natureza. "Todas as tragédias naturais que têm acontecido em nosso planeta mostram que proteger os animais e a natureza como um todo é também uma forma de protegermos o ser humano. Particularmente, sou um apaixonado por plantas e animais. São temas que namoro há muito tempo e, por isso, decidi que já era hora de colocá-los também dentro do meu trabalho como artista", diz.
O Greenpincel marca uma nova etapa nas obras de rua do artista, que buscam basicamente preservar a memória e trazer beleza aos paulistanos, em meio à correria do dia-a-dia. "Gosto muito de resgatar a história e levar beleza às ruas das cidades, o que faço principalmente no projeto 'Muro das Memórias', mas há situações de denúncia em que devemos chocar, mostrando, como disse, artisticamente as agressões feitas contra o nosso Planeta", afirma Eduardo Kobra, que há três meses inaugurou diversas obras no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.
Trabalhos Internacionais
O muralista e artista plástico fez recentemente três murais na Europa. Em maio deste ano em Lyon, França, pintou o mural Imigrantes (de 17mX3,5m), no bairro de Guillotiére, que é conhecido por abrigar muitos imigrantes, vindos de diversos países e continentes. Um novo projeto da Prefeitura da cidade prevê a demolição de várias casas e prédios históricos dessa região, para a construção de uma ampla avenida, trazendo modernidade às custas da perda de patrimônio histórico e, principalmente, da retirada de antigos moradores. "Minha pintura fez parte de uma série de eventos e protestos contra essa ação da Prefeitura", explica o artista. Todo o processo produtivo de Eduardo Kobra foi acompanhado pelo francês Gilbert Codene, l&iacu te;der de uma das principais equipes de pintores muralistas no mundo.
Antes de Lyon, Kobra passou algumas semanas em Londres, onde fez, em abril, um mural na bicentenária Roundhouse. Nesse muro já existiram outros trabalhos. O primeiro foi do famosíssimo grafiteiro Banksy (um documentário sobre ele concorreu este ano ao Oscar). "O trabalho de Banksy foi atacado por uma senhora que mora no bairro e não gostou da obra, destruindo-a com tinta branca. Pouco depois, vários artistas utilizaram o muro para protestar, desenhando uma onça e colocando frases contra o ataque", conta Kobra. A Roundhouse fica no Camden Town, um dos bairros mais descolados de Londres e é umas das casas mais importantes da capital inglesa. Por lá já se apresentaram nomes como Mick Jagger.
Na Grécia, Kobra fez, com Agnaldo Britto Pereira, em um ponto nobre de Atenas (próximo à estação do metrô Pefkakia), o mural "Evolução Desumana", com cerca de 35 metros de comprimento por cinco de altura, dentro de seu projeto Greenpincel. Kobra deixou a Grécia no dia 23 de agosto e chegou a São Paulo no dia 24.
"Sempre respeitei as culturas e as religiões. O meu trabalho é com Arte Urbana e, claro, ele acontece principalmente nas ruas, o que aumenta ainda mais a minha responsabilidade, já que minhas obras são vistas por todos os tipos de pessoas. Mas parece-me claro que o fato de não gostar de algum trabalho artístico, por sua qualidade ou temática, não dá a ninguém o direito de destruí-lo. Se assim o fosse, esses religiosos poderiam entrar no Museu de História Natural de Nova York, onde a evolução da espécies e, principalmente, humana é mostrada de forma realista, e destruírem tudo! Respeitar o direito de expressão é básico na Democracia que, por sinal, começou aqui na Grécia. Por isso decidimos, ainda que exista algum perigo de um novo ataque ao muro, refazer o trabalho, com algumas modificações estéticas, mas ainda dentro do mesmo tema. Não podemos ceder espaço para os intolerantes", diz Eduardo Kobra.
O artista brasileiro viajou para Atenas, a convite de Kiriakos Isofidis, sócio da editora Carpe Diem, que já publicou três livros sobre muralismo ("Mural Art Book 1, 2, e 3"), além de diversos outros livros sobre Street Art. O terceiro volume de "Mural Art Book" traz duas páginas sobre o trabalho de Kobra. Isofidis também dirige o grupo Carpe Diem, um dos principais de arte de rua na Grécia.
Mais sobre o artista
Muralista e artista plástico, o brasileiro Eduardo Kobra, 35 anos, nascido no estado de São Paulo, é um expoente da neo-vanguarda paulista. Seu talento brota por volta de 1987, no bairro do Campo Limpo com o pixo e o graffiti, caros ao movimento Hip Hop, e se espalha pela cidade. Com os desdobramentos que a arte urbana ganhou em São Paulo, ele derivou – com o Studio Kobra, criado nos anos 90 - para um muralismo original - inspirado em muitos artistas, especialmente os pintores mexicanos e no design do norte-americano Eric Grohe - beneficiando-se das características de artista experimentador, bom desenhista e hábil pintor realista. Suas criações são ricas em detalhes, que mesclam realidade e um certo "transformismo" grafiteiro.
Nesse caminho ele desenvolveu o projeto "Muros da memória" que busca transformar através de murais a paisagem urbana e resgatar a memória da cidade. Os desenhos são a síntese do seu modo peculiar de criar - através do qual pinta, adere, interfere e sobrepõe cenas e personagens das primeiras décadas do século XX. Essas obras são uma junção de nostalgia e modernidade, por meio de pinturas cenográficas, algumas monumentais. Através delas cria portais para saudosos momentos da cidade. O maior destes murais, que mede 1000 m2, foi realizado em 2009 na avenida 23 de Maio, em comemoração ao aniversário de São Paulo. "A idéia é estabelecer uma comparação entre o ar romântico e o clima d e nostalgia, com a constante agitação de hoje", afirma o artista.
O projeto alcançou repercussão nacional. Além dos inúmeros trabalhos na cosmopolita São Paulo, a maior cidade brasileira, Kobra produziu murais em Brasília, Rio de Janeiro, Belém do Pará, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Kobra, inquieto, estudioso e autodidata, também faz pesquisas com materiais reciclados e novas tecnologias, como a pintura em 3D sobre pavimentos (muito difundida por nomes internacionais, como Julian Beever e Kurt Wenner). A convite da prefeitura de São Paulo, o artista realizou diversas obras em 3D, como na Praça Patriarca, no centro da Cidade, a primeira no Brasil; e na Avenida Paulista, símbolo da megalópole. A técnica anamórfica consiste em "enganar os olhos". A pintura é distorcida ou mesmo incompreensível na maioria dos ângulos de visão, mas ao ver do ângulo correto, estipulado pelo artista, se torna um 3D com incrível variação de profundidade e realismo. Recentemente o artista iniciou um novo projeto, o "Greenpincel"
Veja a seguir uma síntese das linhas de trabalho de Eduardo Kobra
Muro das Memórias – projeto mais antigo e constante de Eduardo Kobra, que pinta São Paulo antiga, geralmente em PB. Há cerca de 21 trabalhos em São Paulo. Cria um contraste entre o antigo e o contemporâneo. Na av. 23 de maio, em seu maior trabalho, de mil metros quadrados, as pessoas passam em seus carros, como máquinas, a toda velocidade. O lado humano da avenida está justamente nos rostos pintados no muro. O artista começa a ser convidado para desenvolver trabalhos do Muro das Memórias em outras cidades. Fez, por exemplo, lindas criações em Belém do Pará e Santa Maria (RS).
3D – Kobra é pioneiro nesta arte. .Surpreendeu São Paulo fazendo um carro em 3d na Praça do Patriarca. A obra tinha cerca de 30 metros de largura por oito de comprimento. De 98% das posições o espectador via uma mancha no chão. De dois por cento via um carro, "real", na frente. Fez um Pelé na Av. Paulista; um Michael Jackson no Rio (junto com o artista plástico Romero Brito); uma piscina no Rio (homenagem às Olimpíadas); monumentos de Brasília na Esplanada dos Ministérios e um canyon com elementos brasileiros e sul-africanos na Praça do Patriarca, em São Paulo, durante a Copa do Mundo.
Galeria de Céu Aberto – O artista começou recentemente a colocar seus quadros em muros e outros espaços da cidade de São Paulo. Quer mostrar para as pessoas que a arte é bonita e acessível, que todos podem entrar em galerias. "Muita gente pensa que não gosta de arte simplesmente porque nunca entrou em museus e galerias", afirma Eduardo Kobra que há pouco mais de quatro meses fez uma obra deste projeto em muro da Praça Panamericana.
Galeria – Kobra se firma como artista plástico. Sua arte é cada vez mais encontrada também nas galerias. Em outubro de 2008, fez na galeria Michelangelo, em São Paulo, a elogiada exposição "Lei da Cidade que Pinta", onde placas, outdoors, luminosos e outros materiais de comunicação visual retirados pelos fiscais e funcionários da Prefeitura ressurgiram como suporte para as obras de arte. Em julho de 2009 fez, também em São Paulo, na galeria Pró Arte, a exposição "Visitas", sucesso de crítica e público. Em julho e agosto realizou algumas intervenções em 3D com o artista plástico Romero Britto, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em novembro de 2009, expôs 25 tela s na Galeria Romero Britto. Uma de suas telas foi exposta no Museu do Louvre, em 2009, em Paris. Tem telas na Galeria de Arte André.
Greenpincel – Novo projeto que o artista desenvolve desde março de 2011, buscando alertar e combater as agressões do homem aos animais e ao planeta como um todo. Kobra entregou quatro murais para a cidade de São Paulo, dentro do projeto. Fez em julho um chocante mural de "boas-vindas", chamado "Welcome to Amazônia", na av. Rebouças, 167, com cerca de 7mX5m. O cenário mostra um ambiente arrasado. Pouco antes, concluiu o mural "CO2", na rua Alvarenga, 2.400, com cerca de 10mX5m, também parte do seu projeto Greenpincel, iniciado com o mural "Navio Baleeiro" (obra crua e forte, baseada em uma cena da caça de uma baleia pelo navio Yushin Maru), realizado em março na rua Domingos de Morais, na Vila Mariana. No dia 26 de agosto, Kobra e outros artistas do Studio Kobra pintaram o mural "Sem Rodeios", na av. Brigadeiro Faria Lima, depois de ficar chocado com as imagens nos jornais e sites do bezerro abatido pelo peão César Brosco durante a 56ª. Festa do Peão de Barretos. Em setembro, fez na Av. Brigadeiro Faria Lima o mural "Mar da Vergonha", onde critica o massacre de centenas de golfinhos no início de setembro, na pequena cidade de Taiji, na costa meridional da ilha japonesa de Honshu. Em outubro fez o mural Alta Mira, onde critica a construção da usina.
Link do evento: http://www.chalkfestival.com
Alguns links de artistas que participam do evento
http://www.youtube.com/watch?v=rEIuBHRWj-U
http://www.youtube.com/watch?v=I23t_MF3h5w&feature=fvst
http://www.youtube.com/watch?v=W-xzkH8Pxy8
http://www.youtube.com/watch?v=3SNYtd0Ayt0
http://www.youtube.com/watch?v=XafCwc0rKRs
Airton Gontow | Gontof
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