sábado, 15 de agosto de 2009

Caravana do Araguaia

Caravana do Araguaia defende um rio sem hidrelétricas

e a criação do primeiro Rio Parque do Brasil

 

Brasília ( 14/08/09) - O Araguaia é um rio de planície e não pode receber usinas hidrelétricas. Esta mensagem foi levada pela Caravana do Araguaia, promovida pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) e Instituto CNA, entre os dias 30 de julho e dois de agosto, à população local e lideranças políticas e empresariais da região. Durante o trajeto, que incluiu três cidades à beira do Araguaia, a Caravana mostrou os enormes danos ambientais que seriam ocasionados por alagamentos provocados na região, além dos prejuízos aos ribeirinhos. Para garantir a preservação do rio, a Caravana participou de uma série de atividades que marcaram a ação em defesa do patrimônio genético e cultural da região.  

 

A alternativa defendida pelo Sistema CNA/SENAR é tornar o Araguaia no primeiro Rio Parque do Brasil, matéria que já está tramitando no Congresso Nacional, conforme propõe o Projeto de Lei nº 232/2007, apresentado pela presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO). O texto prevê critérios rígidos de preservação ambiental em 2.115 quilômetros do rio, envolvendo mais de 80% de toda sua extensão.

 

 A idéia de transformar o Araguaia em Rio Parque inclui medidas que promovam a preservação da sua biodiversidade, impulsionem o potencial turístico da região e estimulem o desenvolvimento sustentável. Para defender todos esses conceitos, a Caravana percorreu o trecho do Araguaia localizado entre as cidades de Caseara e Araguacema, no Tocantins, seguindo até Conceição do Araguaia, no Pará.

 

 Durante todo o trajeto, a Caravana seguiu pelo rio, verificando de perto a biodiversidade e o estilo de vida das comunidades ribeirinhas. Foi possível constatar que hidrelétricas no Araguaia serão altamente prejudiciais, expulsando pescadores e agricultores, gerando mais problemas do que benefícios.  

 

 A Caravana começou a jornada em 30 de julho, uma quinta-feira, na cidade de Caseara, no oeste do Estado do Tocantins. A senadora Kátia Abreu chegou à sede do município, que tem quatro mil habitantes, no fim da tarde. "O rio Araguaia é atualmente o maior potencial turístico de Tocantins", disse o prefeito de Caseara, Valter Santana, ao recepcionar a presidente da CNA. Ele ressaltou a importância da iniciativa da senadora de defender a instalação de escolas técnicas nas localidades ao longo do Araguaia, responsáveis pela formação de mão-de-obra voltada à promoção do desenvolvimento sustentável da região e na área do turismo.

 

 A abertura oficial da Caravana ocorreu no dia 30 de julho, à noite, com o pronunciamento da senadora e demais autoridades que apóiam a proposta de transformar o Araguaia em Rio Parque. "Já conseguimos a destinação de R$ 1 milhão para a Escola Técnica de Turismo de Caseara, mas vamos lutar por recursos para explorar o turismo em outras cidades", disse a senadora, na cerimônia de abertura da Caravana.

  

  Desenvolvimento Sustentável – A senadora Kátia Abreu informou que já está trabalhando para que iniciativas, como a de construir a Escola Técnica de Turismo, envolvam outros municípios da região, além de Caseara. Disse que já está discutindo também com o Banco Mundial (BIRD) a liberação de recursos para projetos semelhantes ao longo do Araguaia e levará a proposta ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Outra alternativa defendida pela senadora é o direcionamento de recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) para a promoção de projetos de crescimento sustentável na região, como a qualificação de trabalhadores para o turismo ecológico.

 

Kátia Abreu falou sobre a existência de estudos a respeito de usinas hidrelétricas em quatro trechos do Araguaia, mas argumentou que, em todos esses pontos, os prejuízos com o alagamento de áreas e represamento do fluxo do rio são muito grandes. "O total de energia gerada seria muito menor do que em rios mais apropriados, como o Tocantins", disse a senadora, ressaltando que o plantio de cana-de-açúcar em trechos da área a ser coberta pelas águas pode gerar muito mais energia e menos impacto ambiental.

 

 Caseara - Na manhã do dia 31, Caseara foi cenário de uma série de atividades de conscientização sobre a necessidade de preservar o Araguaia. Crianças ajudaram a comitiva da Caravana do Araguaia no plantio de mil mudas de árvores, entre ipês-amarelos, landis, paineiras de Goiás e seringas. Em seguida, as crianças participaram de oficinas sobre temas ambientais, concursos de redação, poesia e desenho. Uma das oficinas, por exemplo, ensinou como separar o lixo, permitindo o reaproveitamento de material reciclável e evitando que elementos contaminantes sejam abandonados na natureza.

 

 Paralelamente, durante as atividades da Caravana, a equipe de técnicos da CNA, SENAR e do Instituto CNA aproveitou a presença em Caseara para coletar informações para o Cadastro Social Rural sobre as famílias que vivem no interior do município. Os dados servirão para alimentar o Observatório das Desproteções Sociais do Campo, projeto iniciado este ano com o objetivo de identificar os vazios institucionais no mundo rural e criar pontes com o Estado para o atendimento das carências do homem do campo. A idéia do projeto é não apenas mapear as dificuldades do mundo rural brasileiro, mas utilizar todas essas informações para subsidiar discussões com o poder público para a efetiva criação de políticas específicas de apoio à área rural.

  

Araguacema - Seguindo a jusante do Araguaia, a Caravana chegou à Araguacema no início da noite do dia 31 de julho. No percurso, foi possível observar a riqueza da flora e da fauna locais, além das atividades turísticas já implantadas, como o uso do rio para a prática de esportes náuticos. A proposta da senadora é ampliar esse potencial, tornando o Araguaia um destino turístico nacional, atraindo viajantes durante todo o ano. "Queremos evitar que os donos de pousadas, como a em que estou hospedada, passem 11 meses do ano com as portas fechadas e abram apenas um mês", disse Kátia Abreu, que vai lutar também para a construção de escolas técnicas na localidade.

 

 "Deixe o Araguaia para o turismo, para a população ribeirinha", defendeu o prefeito de Araguacema, João Paulo Ribeiro. "Se fizermos uma represa, vai corromper as margens e a biodiversidade", reforçou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Tocantins (FAET), Ângelo Crema Marzola Júnior. No sábado, 1º de agosto, as crianças de Araguacema foram envolvidas pelas atividades das oficinas ambientais e dos concursos de redação, poesia e desenho, sempre tendo o rio Araguaia com tema principal.

 

 O prefeito João Paulo Ribeiro apresentou à Kátia Abreu uma experiência de sucesso feita na cidade: a Escola Agroecológica de Araguacema. Embora orgulhoso com o funcionamento da unidade de ensino no município, Ribeiro lamenta, no entanto, a falta de recursos para expandir a escola. A senadora comprometeu-se a ajudar na destinação de verbas para o projeto e propôs que o sistema CNA/SENAR seja parceiro na iniciativa.

 

 Conceição do Araguaia - A cidade de Conceição do Araguaia, já no Estado do Pará, foi o último destino da Caravana. A senadora Kátia Abreu defendeu a mobilização da sociedade paraense pela defesa do Araguaia. "Precisamos cuidar desse rio, que é o nosso maior bem, e não deixar acabar com essa riqueza", disse a vice-prefeita Vanda Aquino. Em Conceição do Araguaia, as atividades da Caravana foram ampliadas, contando também com apresentação do grupo de teatro "Verão com Cristo" sobre a importância da preservação ambiental. Kátia Abreu pediu o apoio dos moradores para defender a transformação do Araguaia em Rio Parque. "Enviem mensagem para seus deputados, senadores. Falem com seus vereadores.", defendeu a senadora.

 

 O Rio Araguaia tem cerca de 2,6 mil quilômetros, a maior parte navegável. Ao logo de sua extensão, o Araguaia tem pontos que tradicionalmente atraem praticantes de pesca amadora e turistas que buscam as praias de água doce, formadas na época de seca na região Centro-Oeste. O rio nasce na serra do Caiapó, na confluência dos Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e deságua no rio Tocantins, na divisa entre os Estados do Tocantins, Pará e Maranhão.

  

Assessoria de Comunicação da CNA

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